Monday, February 21, 2011

Pesquisa liga vírus a sumiço das abelhas

what's happening to bees?

Matéria no jornal Folha de São Paulo com uma hipótese para explicar a epidemia do sumiço das abelhas, CCD (Colony Collapse Disorder).

Pesquisa norte-americana liga vírus a sumiço das abelhas
Monica Girardi
Folha de São Paulo, 7/9/2007

Uma nova pista pode ajudar a solucionar o mistério do sumiço das abelhas, que vem dando um nó na cabeça de apicultores e biólogos mundo afora. Um novo vírus foi considerado o melhor candidato a assassino.

Pesquisadores americanos chegaram a esse resultado ao comparar amostras de colméias doentes (que perderam rapidamente suas abelhas operárias) de vários pontos dos EUA com amostras saudáveis.

Eles identificaram cinco grandes grupos de bactérias, quatro linhagens de fungos e sete tipos de vírus. Mas apenas um deles estava sempre associado ao desaparecimento da Apis mellifera (ou abelha européia) naquele país: o vírus israelense da paralisia aguda (IAPV, na sigla em inglês).

"Se é exatamente um agente causador ou só um marcador muito bom da doença é a próxima questão que precisamos tentar responder", afirmou Diana Cox-Foster, da Universidade Estadual da Pensilvânia. A entomóloga é líder do estudo publicado no site da revista científica americana "Science" (www.scienceexpress.org).

Os demais participantes da pesquisa procuraram ressaltar, em entrevista coletiva, que a descoberta não é definitiva e que o problema ainda não está resolvido. O próximo passo do grupo agora é infectar colônias saudáveis com o IAPV para ver se elas entram em colapso.

Os cientistas suspeitam ainda que a fonte do vírus possa ser a Austrália, visto que os Estados Unidos passaram a importar grandes quantidades de abelhas daquele país desde 2005. Para testar, eles analisaram uma amostra supostamente saudável de abelha de lá e encontraram sinais do IAPV.

Crime sem corpo

O problema, que recebeu o nome de desordem do colapso das colônias (ou CCD), foi observado inicialmente na Europa, mas foi nos EUA que ocorreram os maiores estragos. Desde o final do ano passado, mais da metade dos Estados do país observou uma queda abrupta na população de abelhas. Produtores perderam de 50% a 90% de suas colônias.

O fenômeno tem deixado os biólogos em pânico: afinal, as abelhas são polinizadores, fundamentais para a agricultura (Albert Einstein dizia que, se elas desaparecessem, os humanos sumiriam em cinco anos).

O inseto é conhecido por sua vulnerabilidade, tanto que não chega a ser incomum a morte de uma colméia inteira, e os apicultores estão acostumados a lidar com isso. Mas o curioso no caso da CCD, além da rapidez com que ela se espalha e da sua virulência, é que esse é um crime sem cadáver.

Não são achadas abelhas mortas dentro das colméias ou nas proximidades. Elas literalmente desaparecem. Saem do ninho para coletar néctar e pólem e não voltam mais. No final do processo costumam restar somente a rainha e algumas guardiãs, mas todas acabam morrendo pela falta de comida.

A descoberta do vírus, no entanto, ainda não esclarece por que isso ocorre. "É possível que a infecção altere a habilidade das abelhas de encontrar o caminho de casa, mas não podemos afirmar com certeza", disse à Folha Ian Lipkin, do Centro de Infecção e Imunidade da Universidade Columbia e um dos autores do estudo.

Na mesma edição do jornal, uma outra reportagem comparava com a situação brasileira. O site Jornal da Ciência republicou a matéria.

Colapso no Brasil pode ter causa diferente

Apesar de ser em uma proporção bem menor do que a observada nos EUA, o sumiço de abelhas também tem começado a atingir as culturas no Brasil, segundo relatos de apicultores de Minas, SP e Rio Grande do Sul.
Entretanto os pesquisadores que estudam o caso por aqui não têm certeza de que se trata do mesmo colapso que atinge os insetos americanos. De fato foi registrado um aumento da mortalidade e uma rápida diminuição das colméias, mas a maioria dos corpos é encontrada no local.
O vírus localizado pelos pesquisadores norte-americanos tampouco foi observado no Brasil, mas outros patógenos identificados por eles durante a investigação são comuns por aqui, como o o ácaro Varroa destructor e o fungo Nosema ceranae.

O primeiro é velho conhecido dos cientistas e até hoje não deu muito trabalho para os apicultores brasileiros. "Mas na pesquisa americana ele foi identificado como um facilitador do IAPV, o que merece então nossa atenção", explica o entomólogo David de Jong, do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
Já o fungo Nosema causou, sim, um aumento claro de mortalidade nos últimos anos.
Jong alerta ainda para o risco de usar geléia real da China para alimentar as rainhas, como muitos apicultores brasileiros têm feito. No estudo americano foi detectada a presença do vírus no material importado.

Um ponto a favor dos criadores nacionais é que a abelha cultivada aqui é mais robusta. Conhecida como africanizada, ela é uma mistura da variante européia com a selvagem africana, que se espalhou pelo país e por todo o continente nos anos 1960.
A mistura foi um descuido do geneticista brasileiro Warwick Kerr, que na época estudava a africana e sem querer deixou alguns exemplares escaparem.
Os animais resultantes eram tão ferozes que foram chamados de assassinos. Quase foi a desgraça do pesquisador. A resistência dos híbridos hoje é sua redenção.

1 comment:

  1. É muita coincidencia que o desaparecimento das colméias no Brasil tenha iniciado justamente, quando o plantio de Milho transgenico foi liberado no Brasil em 2008.

    Assim como é muita coincidencia que esta doença já estivesse presente nos EUA, onde o milho transgenico já era liberado.

    O fato de as abelhas operarias não serem mais mortas, por inseticidas, quando vão para as plantações de milho transgênico deve ser a causa provável.

    É evidente que elas estão trazendo algum produto tóxico de volta para as colméias, e isto esta afetando diretamente na formação dos ovo, larva e ninfa.

    Isto deve ser identificado urgentemente!!! O Colapso das abelhas polinizadoras pode levar à uma extinção de diversas espécies da natureza, animais, vegetais e a própria humanidade correm um Grande Perigo!!!

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